RESENHA ESCRITA POR ISABEL MARINHO
Disciplina de Gramática, Interpretação e Redação Jornalística- Prof. Fernanda Mazza
O documentário franco-brasileiro, O sal da terra, dirigido por Wim Wenders e codirigido por Juliano Salgado, conta a trajetória e a perspectiva do fotógrafo Sebastião Salgado. Produzido pela Imovision em 2014, com cento e dez minutos, estreou dia 26 de março de 2015 no Brasil, concorreu ao Oscar na categoria melhor documentário e ganhou um prêmio especial em Cannes. A obra bem vista pelos críticos é composta por um elenco admirável: Hugo Barbier, Jacques Barthélémy, Juliano Ribeiro Salgado, Lélia Wanick Salgado, Sebastião Salgado e Wim Wenders.
O longa-metragem polifônico é como um esboço da obra de Sebastião e pode ser dividido a partir de seus projetos: Outras Américas, há o contato com suas origens, Sahel: o homem em agonia, a seca e a fome matam, Trabalhadores, a ambição faz do Homem escravo, Êxodos, refugiados são mortos sem escrúpulos e Gênesis, fotógrafo se vê encerrando um ciclo, e assim como veio, espera ir.
A intertextualidade se dá com citações diretas à Divina Comédia e ao Opus Magnum. O nome do documentário é uma referência, faz alusão à Bíblia, Mateus 5:13, onde Jesus fala que o homem é o sal da terra, ou seja, ser sal é o modo como tratamos o próximo. O documentário começa apresentando um dos sete pecados capitais, a ambição (Serra Pelada), e vai até às profundezas da Terra, onde Sebastião sente demasiada angústia e chega ao paraíso terrestre, ou, ao Opus Magnum (grande obra) reconstruindo a Mata Atlântica. Ele assume não só o papel de Beatriz da Divina Comédia de Dante, já que por meio da fotografia ele ultrapassa todos os círculos e “vaga” na história da Humanidade, mas assume a postura de um alquimista, transformando o estado de caos em harmonia. O roteiro de Wim Wenders, Juliano Salgado e David Rosier é uma paráfrase dessas obras, a função metalinguística e a emotiva aproximam o público do fotógrafo o tempo inteiro.
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